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Ano 4 - Edição 998 - Fortaleza - Abril de 2014

JM SOCIEDADE,ASTROS & ESTRELAS, SHOWS, OPINIÕES E O INUSITADO.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Opinião


Transparência e austeridade


Ivan Mendes

A transparência e o controle, dos gastos do dinheiro público, é o modelo que deveria ser observado pelos que assumem cargos em quaisquer níveis dos poderes constituídos.

Entretanto, nem todos estão preparados para o difícil mister e, quase sempre, são fascinados pelas luzes do poder, praticando atos de improbidade que não condizem com a importância da função que exercem, esquecendo o compromisso assumido com a população. É de se lamentar, por exemplo, que o Governo Federal não saiba o destino de 17 bilhões e 300 milhões de reais, repassados aos estados, municípios, ONGS e centrais sindicais. 

Levantamento do Tribunal de Contas da União mostra que, em outubro de 2009, quase 45 mil prestações de contas, sobre dinheiro, aguardavam o exame de órgãos federais. O volume de recursos, sem fiscalização, subiu 30%, em relação a 2008, enquanto que o governo admite que falta estrutura para fiscalizar. 

Apesar da falta de um controle mais rigoroso na aplicação dos recursos financeiros, o Brasil mantém-se como a oitava economia mundial, o que não foi alterado pela crise econômica, iniciada nos países desenvolvidos.

Fatores como a estabilidade do real e as políticas anticíclicas, bem sucedidas, implementadas pelo governo brasileiro, contribuíram para o resultado positivo. Tanto é verdade que o país passou a ser a segunda economia das Américas, perdendo apenas para os Estados Unidos, segundo estudo de uma consultoria britânica, divulgado em 29 de março de 2009, pelo Jornal Folha de São Paulo. 

Resta-nos esperar que os eleitos, em 2010, tenham mais sensibilidade política e adotem como critério a austeridade na aplicação dos recursos financeiros, quer sejam os Governos Federal ou Estaduais. Quem sabe, com a mudança de comportamento, os brasileiros possam ter uma melhor qualidade de vida, com uma maior assistência nas áreas da saúde, educação, moradia, segurança, além do aumento da geração de renda e do número de emprego. 

Que os políticos contemporâneos possam refletir sobre o que afirmou o escritor Humberto de Campos, no livro Em Sepultando os Meus Mortos, pág. 181, não há coração alegre, quando o estômago está vazio. Infelizmente, depois de tantos anos, a assertiva do escritor maranhense continua atual, porquanto os nossos representantes permanecem insensíveis a tal situação. 

Portanto, já é hora de os detentores de cargos eletivos assumirem uma atitude mais condizente com a função que exercem. Pelo menos, é o que se pode esperar dos que tiveram a confiança do povo através do sufrágio das urnas.



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A morte de Osama Bin Laden e o Jornal Nacional 
Daniel Welton

Começo me apresentando: Sou brasileiro, cidadão, bancário e psicólogo da cidade de Fortaleza-CE. Não tenho costume de escrever sobre política, nem fatos públicos e pra ser honesto sobre quase coisa nenhuma mas hoje não pude me conter. Espero que possam ler até o fim...

Dia 02/05/2011, acabo de chegar em casa depois de um dia de trabalho bastante conturbado, como são os primeiros dias úteis, especialmente nas segundas-feiras no Banco do Brasil. Fiquei sabendo vagamente da morte de Osama Bin Laden a partir de rápidos comentários de clientes. 

Resolvi assistir ao Jornal Nacional para ver as notícias e fiquei realmente chocado com a forma que o assunto foi tratado. A morte era anunciada com um sorriso no rosto por simplesmente todos os repórteres, lembrava muito as coberturas festivas, como os carnavais, as vitórias esportistas, as festas de rua.

 As palavras “celebravam”, “festejavam” e “comemoravam” eram constantemente citadas e fiquei me perguntando se era realmente de uma morte que aquelas pessoas estavam falando. Em nenhum momento ninguém falava sobre como era um sintoma doentio a comemoração em praça pública de um assassinato. Ou de até que ponto aquele comportamento era ético?

Não estou aqui de maneira nenhuma defendendo as ações de Osama, muito pelo contrário, repudio seus atos, suas mortes. Mas a comemoração em praça pública de uma morte é pelo menos de se estranhar, de se questionar, e em nenhum momento houve um mínimo sinal do contraditório, do outro ponto de vista. 

Assistindo só conseguia me lembrar das antigas cerimônias de execução da Idade Média, ou mesmo as provocadas pelos regimes radicais como o Talibã, tão criticada pelo mundo “civilizado” ocidental, no qual o povo festejava os assassinatos, daquele que, por algum motivo, eles consideravam inferiores a si.

 E o que mais me impressionou é que os argumentos americanos não eram ditos como perspectivas e sim como a verdade nua e crua. Que isso acontecesse na mídia americana não era de se estranhar, mas aqui no Brasil me pareceu um contra-senso.  As questões éticas da comemoração de uma morte em nenhum momento foram questionadas. Era como se fosse o óbvio, natural, a comemoração daquelas mortes.

Uma avó americana foi mostrada com sua netinha tirando fotos dizendo que era uma lembrança para aquela criança da comemoração daquele dia. A netinha devia ter pouco mais de cinco anos. E o jornal seguia mostrando tudo direitinho, a grande festa, aquele momento tão bonito de assassinato.

 A sede de sangue era clara.  As pessoas se abraçavam, comemoravam, as imagens chegavam a ser bonitas, parecia um reveillon, ou a comemoração de um título esportivo, mas não era, era a alegria pela morte, pelo sangue, pela vingança. Espero profundamente que daqui a 100 anos isso seja mostrada como sinal de primitivismo da humanidade do nosso tempo.

As imagens do 11 de setembro, que eram repetidas o tempo todo, parecia uma maneira de justificar o assassinato de Osama e de mais quatro pessoas, sem nenhum julgamento, e pior, sem nenhum questionamento ético.

Não aguento mais ver o discurso da paz servir de propósito pra guerra. A história é contada simplesmente por uma perspectiva, a americana, oferecida ao público como uma verdade, que dispensa qualquer criticidade. O fato da operação ter sido feita exclusivamente por Americanos não é questionada. 

A troca de tiro não resultou em nenhum ferido do lado Ianque  e cinco mortes do lado oposto leva a questionar até que ponto se tratou de uma troca de tiros ou de um simples execução sumária. 

E se foi uma execução sumária, como parece ter sido, o discurso de que Obama usou sua esposa como escudo mais parece uma última provocação. “O morto era covarde”. Que Osama era covarde isso é bem sabido, porém também  covarde foi o ato de executar alguém sem julgamento.

 Não é claro e límpido que sangue só pede mais sangue. Que alguém vai querer vingar essa morte matando e que as mortes que virão pedirão mais morte ainda?

Nenhum detalhe sobre essa execução, a meu ver, pode ser levada a sério, pois não havia testemunhas, apenas os soldados americanos envolvidos.  Nenhuma autoridade paquistanesa envolvida na operação, e isso sequer foi  questionado. Osama foi assassinado NO PAQUISTÃO. 

O exército americano simplesmente entra, executa, destrói o cenário e se livra do corpo, e nada, absolutamente nada é questionado. Como se realmente o mundo fosse deles, como parecem verdadeiramente acreditar. As autoridades do Paquistão sequer tomam conhecimento do caso. E assim parece se manter toda a imprensa local,  pelo mesmo caminho.

Jogaram o corpo no mar. Pronto. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fizeram um exame de DNA, a partir de uma suposta irmã de Osama, de um cara que diga-se de passagem tem 51 irmãos. Qual a seriedade disso? Ninguém questiona. É como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não é claro e límpido que existe alguma coisa estranha aí?

Para piorar, ainda vêm vários  líderes mundiais a público dar os parabéns ao presidente americano. A justificativa que Obama não quis bombardear a casa a qual alegaram que se encontrava Osama por não querer ferir civis inocentes foi dita como a coisa mais normal do mundo sem mencionar o banho de sangue ao qual foi submetido o Afeganistão, como a morte de milhares de civis inocentes com a justificativa de encontrar Osama Bin Laden. É como se a guerra nunca tivesse acontecido.

 Em nenhum momento um comentário crítico sobre as reais circunstâncias políticas envolvidas no caso. Nada sobre a guerra do Iraque baseada exclusivamente na alegativa americana de que estes estavam produzindo armas químicas e nucleares, coisa que o próprio relatório americano desmentiu no final, quando admitiram que se enganaram e que não havia armas químicas nenhuma. 

Saldo da guerra: Mais de 100 mil mortos. Em nenhum momento o petróleo foi mencionado, é como se esse produto não tivesse nenhuma relação com as milhares de mortes. Em nenhum momento foi dito do financiamento americano ao grupo de Osama Bin Laden, antes destes se voltarem contra seus interesses puramente econômicos.

Espero que não fique aqui parecendo que estou defendendo os métodos ou atitudes terroristas, mas apenas dizendo que uma guerra como essa não tem mocinhos. O ódio só gera ódio dos dois lados. E isso precisa ser dito. É preciso dizer: BASTA, CHEGA DE SANGUE! Quero poder dizer aos meus filhos que vamos celebrar a paz e o amor e não a morte e a vingança.

 Milhares de pessoas morreram dos dois lados, tudo isso é lamentável, e a frase que vem a minha mente quando penso nisso tudo é a da composição que diz que “Não importam os motivos da guerra, a paz ainda é mais importante que eles”.

Obrigado pra quem leu meu desabafo até o fim. Se acharem válido podem passar pra frente.
Um abraço a todos, Daniel Welton.


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A grande educadora 

Edilson Santana

A frase passou de boca em boca, caiu no domínio do povo e virou sabedoria popular: “O diamante é um pedaço de carvão que saiu bem sob pressão”. 

Esse processo chama-se “Dor” e revela-se, igualmente, na tristeza do amante, na penúria da miséria, na orfandade abandonada, na viuvez prematura, na morte do ente querido, na mutilação dos valores morais, na tragédia da desonra, no aviltamento da prostituição, no fracasso dos ideais, nas perdas e desilusões da vida.

No entanto, é esse o mecanismo que promove o grande aprendizado, possibilitando o incessante aprimoramento do espírito humano, através do qual o sofrimento purifica e redime. Como a pedra preciosa que sofre dilapidações sob o buril do lapidário até alcançar a beleza, a alma necessita passar pela desventura da Dor para tornar-se sábia e virtuosa. 

É indispensável, para tanto, seguir a trajetória da evolução, libertando-se das paixões e dos prazeres enganosos. Toda a caminhada é dolorosa e lenta. Dilacera-se o coração, tortura-se o mais íntimo do ser, porém o destino é imortal, as bem-aventuranças serão eternas e os méritos terão real significado.

Por conseguinte, a Dor é, para a ascensão humana, o que o sol é para a escuridão da noite. A criatura que ainda não sofreu é como a personagem da poesia que diz: “Quem passou pela vida em brancas nuvens e em plácido repouso adormeceu, quem não sentiu o frio da desgraça, foi espectro de homem e não foi homem, passou pela vida e não viveu”.

 O sofrimento, pois, é um inestimável componente de regeneração humana, que purifica o sentimento, ameniza o orgulho, combate o egoísmo, dissolve a intriga, enfraquece as ambições, promove a concórdia, aproxima os desafetos, disciplina a brutalidade e controla os instintos inferiores.

As efêmeras ilusões da Terra e os apetites degenerados, que se manifestam na carne, são meros condicionamentos instintivos e seus idólatras são os mais necessitados de amor. Só a Dor é capaz de libertar, de fazer brotar o amor em sua plenitude e de manifestar a autenticidade dos que se tornam, efetivamente, filhos de Deus. 

De conseguinte, sua intervenção é imprescindível para disciplinar pensamentos e ações e purificar o caráter. É inestimável o seu valor educativo. Seu método pedagógico é infalível para impulsionar a Humanidade nos caminhos da perfeição.

Em última análise, a Dor pode ser considerada sublime, como experiência estética que suscita no sujeito um tipo especial de sentimento, que vai além da finitude da sensibilidade humana, cuja missão consiste em ser suporte de todos os atributos evolutivos da trajetória espiritual do ser.

Edilson Santana é professor de Filosofia e promotor de Justiça - edilsonsantanag@hotmail.com


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O Sidarta de Hesse 
João Tadeu

A vida virtuosa de Sidarta Gautama, alguns séculos antes da era cristã, moveu corações e mentes, causando, entre outras coisas, o surgimento de uma reconhecida religião mundial, o Budismo.

 Na cidade de Varanasi na Índia, tida como uma das mais antigas de que se tem notícia, encontra-se o lugar onde, após a iluminação, o Senhor Buda proferiu seu primeiro sermão. Foi em Sarnat, originalmente um bosque, hoje abrigando um parque, em que se acham alguns monumentos em memória desse sagrado acontecimento. Ao visitar este lugar, experimentei uma serenidade amorosa e aconchegante.

Em um templo de Sarnat, a vida do príncipe Sidarta é retratada em afrescos e imagens pictóricas, ilustrando os principais momentos de sua peregrinação terrena. Ao fundo do templo, uma estátua do iluminado, na posição meditativa, exala uma fragrância de beatitude e paz. 
O silêncio recomendado ao ambiente sela o sentimento de admiração por um percurso que vai da vida exuberante do principado à condição de desapego do renunciante à procura da libertação.

Tendo inspirado gerações de buscadores, escolas religiosas e culturas  sobretudo no Extremo Oriente, a vida do Senhor Buda igualmente trouxe impacto sobre o Ocidente.

 Isto se deu tanto na forma de diálogo com filosofias orientais como o bramanismo, no entendimento das técnicas de controle da mente e de asceticismo, até na inspiração de obras literárias que beberam na fonte inesgotável desta sabedoria. 

No território da filosofia, particularmente a alemã, um ilustrativo exemplo é o do filósofo Arthur Schopenhauer, que se viu fortemente atraído pelos textos hindus e budistas e pelos profundos conceitos que eles contêm.

Na onda crescente de descoberta desta fonte espiritual, mergulhou Hermann Hesse, o escritor suíço, prêmio Nobel de literatura em 1946, que viajou para a Índia em 1911, buscando desvelar os encantos do pensamento hindu, como muitos o fizeram antes e depois dele.

O encontro com a realidade - no mínimo intrigante - do legado filosófico-religioso da Índia fez brotar no autor a criação de uma bela e única narrativa tendo como protagonista um também Sidarta. Nela Hermann Hesse descreve o tortuoso caminho deste outro Sidarta, em busca igualmente da iluminação, pela via direta da experiência pessoal. 

A trama construída pelo escritor europeu destaca um peregrino que não se alinha ao caminho do Dharma indicado pelo Senhor Buda, ainda que reconheça sua grandiosidade.

 A trajetória do personagem central, alternada entre o asceticismo rigoroso e o prazer dos sentidos – no qual curiosamente esteve envolvido o Buda histórico – retrata metaforicamente a peregrinação de muitos seres em meio aos enlaces absorventes de Maya.

Ao mergulhar nas vicissitudes da vida humana, com o nobre intuito de chegar a Moksha, o Sidarta de Hesse deixa-se levar por forças materiais conhecidas: os apetites da sexualidade, os atrativos da luxúria, os encantos do poder. Em dado momento, este buscador se liberta ao encontrar-se com uma entidade natural, um rio, em torno do qual uma realidade será descortinada diante de si

Então ele aprende a arte de escutar o rio, atrás do qual se chega à própria unidade das coisas. Mesmo que tal rio não tenha sua identificação nomeada, e a Índia tenha alguns rios sagrados, o Ganges nos vem como cifra desta mensagem ficcional.

Provavelmente Hesse o conheceu, tocou em suas águas sagradas, e talvez se tenha envolvido pela mística hindu. O rio é transformação, movimento, purificação, destino das cinzas de cremação e dos pecados, como fielmente crêem os indianos. Em suas águas o self mergulha, dilui-se, tornando-se outro, como acontece com este Sidarta de Hesse.

João Tadeu de Andrade é professor da Universidade Estadual do Ceará - jtadeu@uece.br


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Caminhando em Fortaleza: um olhar crítico sobre a cidade 
Zacharias Bezerra

As cidades não contemporâneas, como Fortaleza, pouco a pouco vão se transformando em outras cidades que já não cabem mais dentro dela.

Ao deambular em Fortaleza, o pedestre tem a percepção de como ela se transmuta rapidamente. Bairros residenciais vão se transformando em edifícios de condomínios cada vez mais fechados.

 As pessoas, em consequência, vão desaparecendo das ruas e das poucas calçadas que ainda resistem aos usos privados e indevidos providenciados pelo homem. Quanto mais periféricos os bairros, maior é a possibilidade de ainda vermos pessoas nas ruas, nas calçadas, nas casas. 

Nestes bairros, existe maior parecença com aquilo que significa uma cidade, pelo menos para os que têm hoje mais de 40 anos de idade; seja, uma cidade com ruas, praças, esquinas, gente e com certo nível de comunicação pessoal.

Brasília, construída ainda na década de 50 do século passado, é uma dessas cidades pós-modernas, que, segundo Bauman e Maffesoli (1998), perderam “os elementos que antes estruturavam a modernidade” e agora “não mais encontram estruturação no jogo econômico contemporâneo”. 

Estas cidades da era atual são caracterizadas por grandes avenidas, prédios de apartamentos e sem esquinas. A vida dá-se aí nos inúmeros centros comerciais, clubes de entidades de classe ou particulares e nas diversas agremiações. 

Estes espaços de convivência comum são transformados naquilo que Marc Augé (2001) denomina de não-lugares. Algumas pessoas não conseguem se acostumar com essa ideia e voltam para suas origens ou procuram locais mais adequados, segundo seus critérios, para viver.

As cidades não contemporâneas, como Fortaleza, pouco a pouco vão se transformando em outras cidades que já não cabem mais dentro dela. Rapidamente se esquece o que esteve ali onde hoje é um prédio residencial de 30 andares, uma farmácia, um Banco, uma lanchonete ou mesmo um estacionamento para abrigar os carros que visitam os centros comerciais que pululam nos arredores. 

Como nas cidades invisíveis de Ítalo Calvino (1990), o homem em Fortaleza passou a viver uma cidade que existe apenas nas suas lembranças, nos livros de história ou nos cartões postais. A nova cidade virou uma metrópole, que em nada lembra aquela que resiste na nostalgia de nossa memória.

Este rompimento com o passado é bem nítido em Fortaleza nos bairros da Aldeota, onde foram apagados quase que por completo os traços da convivência residencial de outras épocas e da Praia de Iracema, que se transforma em “manchetes” das páginas policiais dos jornais e dos conteúdos de programas sobre violência urbana que pululam nas emissoras de TV locais. 

A Praia de Iracema é um bairro que passou de uma pacata vila de pescadores do início do século passado, para ser um bairro residencial. Transformada depois em uma região de lazer e entretenimento (bares, restaurantes, boates e similares) a Praia de Iracema vive hoje o ostracismo contemporâneo da pós-modernidade.

 Passou de algo útil para a sociedade para abrigar prédios de luxo, ocupados esporadicamente por seus proprietários e “inferninhos” que atraem o turismo sexual ou acabam servindo à marginalidade.

Esgotadas as possibilidades de exploração econômica destes dois espaços da cidade de Fortaleza (Aldeota e Praia de Iracema), incluídos aí estão Meireles, Varjota e Papicu, a especulação imobiliária e econômica volta-se agora para o bairro de Fátima.

 Aqui também, ela já começa a transformar em comércio ou em condomínios as residências ainda existentes nas proximidades da Avenida 13 de Maio. É a sanha da especulação imobiliária, que descaracteriza o bairro, transforma o trânsito em um verdadeiro caos e pode espalhar-se por outras áreas, circunvizinhas, como é o caso do Jardim América, Montese, Damas e Parquelândia.

Em Fortaleza, é triste constatar que, em benefício de segmentos sociais de alto poder econômico e político, “os signos de pertencimento foram subjugados e destruídos em nome de uma dinamização política e econômica que trabalha na perspectiva de um eterno rompimento com o passado” (BENEVIDES, 2003, p. 227).

Perguntar para Não Concluir...

Quantas cidades existem dentro de uma cidade? Depende do olhar de cada um. A cidade pode ser apenas um ícone, a percepção sensível de signos ou um índice, que dá apenas pistas e vestígios do que realmente ela é. 

A cidade pode ser tão somente um símbolo da sociedade de consumo, com normas e regras de um padrão autorreferente. Tudo depende da nossa disposição e relação com a cidade. 

Pode não ser possível quantificar as cidades que existem dentro da cidade, mas esta quantidade pode ser igual ao número de significados de um signo. Afinal, cada qual vê a cidade de acordo com a sua disposição e individualidade.

Para melhorar o ambiente, a locomoção e o bem-estar de todos na cidade de Fortaleza, cabe ao poder público municipal a efetivação de seu papel como gestor e fiscalizador das obras e da utilização de espaços públicos e, à população, o dever de zelar pelo conforto e o respeito ao código de obras e posturas do município. 

Como, por exemplo, não jogar lixo nas ruas. Alguns vizinhos de minha rua e porteiros de um condomínio aqui em frente jogam lixo na calçada aqui ao lado e em um terreno baldio que existe colado à minha casa. O lixo entope os bueiros, os ratos proliferam e a Prefeitura não toma qualquer providência, mas aumentou o IPTU que devo pagar agora em 2011. Porém, este é um assunto que poderá ser tema para outro artigo.

Fonte: Zacharias Bezerra é jornalista - zachariasbezerradeoliveira@yahoo.com.br


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Caminho para a paz 
Pedro Henrique Chaves Antero

Nos últimos dias o mundo tem tido sérias preocupações com a paz, observando que os levantes nos países árabes poderão acarretar outras revoltas em diferentes regiões.

Nesse contexto de perturbação internacional, nada mais oportuno do que a leitura da mensagem do Santo Padre, o Papa Bento XVI, no início do corrente ano. Ele lamenta que o ano de 2010 tenha sido marcado pela perseguição, pela discriminação e por terríveis atos de violência e de intolerância religiosa.

O Santo Padre, na verdade, está preocupado com a falta de liberdade religiosa para as comunidades cristãs, particularmente na Ásia , na África e, de modo especial, no Oriente Médio. Mas não deixa de lembrar que a Europa tem necessidade de reconciliar-se com as próprias raízes cristãs, que são fundamentais para compreender o papel que teve e que pretende ter na história.

Segundo Bento XVI, o mundo tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode contribuir para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional. Para ele, a paz não é simples ausência de guerra, nem mero fruto de predomínio militar ou econômico. Pelo contrário, “a paz é o resultado de um processo de pacificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada”.

Essa mensagem, lida no início de 2011, parece não ter sido ouvida por grande parte dos homens. Pelo que parece, outras armas não foram proporcionadas à paz, senão aquelas que se destinam a matar e a exterminar a humanidade.

O cristão não pode desejar que as injustiças sejam corrigidas pela violência. Mesmo nos países comunistas, como Cuba, China e Coreia do Norte, e em outras ditaduras marcadas pela asfixia da liberdade e pela perseguição religiosa, o grito de dor do cristão, segundo Bento XVI, deverá ser sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus.

* Artigo publicado em 10.03.2011 no jornal O Povo e reproduzido neste site com autorização do autor.

Fonte: Pedro Henrique Chaves Antero é Professor de Ciências Políticas - phantero@gmail.com

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Filarmônica do Ceará 

Gladson Carvalho

A Orquestra Filarmônica do Ceará completa 13 anos no próximo dia 22 de maio. Motivo de orgulho para nós que a criamos e dirigimos, nesta trajetória marcada pela dedicação, por sacrifícios e vitórias (apoio de parceiros, resposta positiva do público).

Única Orquestra Sinfônica de caráter filarmônico atuante no Estado, seus músicos não são funcionários públicos, como acontece nas orquestras sinfônicas. Aí a principal diferença entre sinfônica e filarmônica: os músicos e até o maestro podem ser os mesmos, mas a maneira de pagar, a gestão administrativo-financeira é outra.

Esse modelo já existe na Europa e EUA. Mantida pelo patrocínio direto de mecenas, de amigos, de projetos na Lei do Mecenato (Lei no. 13.811, de 16 de agosto de 2006) e apoiada pela Secretaria Estadual da Cultura, a Filarmônica do Ceará tem como maior e mais importante patrocinador a Coelce, embora também tenha recebido o apoio decisivo do Banco do Nordeste do Brasil através da Lei Rouanet, ou pelo apoio direto da Presidência da instituição.

Demais, abriremos a nossa temporada 2011 no próximo dia 3 de março, quinta-feira, às 20 horas, no Theatro José de Alencar, com programa bem diversificado. Apresentaremos ´Brandenburgo No 3´ (J. S. Bach); ´Abertura Egmont´ (Beethoven); ´Primeira Sinfonia´ (Beethoven); e ´O Lago dos Cisnes´ (Tchaikovsky). A entrada é dois quilos de alimento não perecível e um livro, usado ou não, para doação às entidades com as quais temos trabalhado.

Nesse ano, a cada mês realizaremos uma sinfonia de Beethoven, juntamente com alguma obra dos períodos Barroco e Romântico. O objetivo é trazer ao TJA uma ideia que deu certo no Projeto Café Concerto apresentado em nossos ensaios-espetáculos no Colégio Presidente Roosevelt.
Em dezembro, faremos a Nona Sinfonia de Beethoven com cerca de 200 artistas ao ar livre na Praça José de Alencar, quatro solistas internacionais e um grande coro sinfônico, perfazendo, assim, o Ciclo das Nove Sinfonias do mais consagrado compositor alemão, projeto inédito na vida musical de Fortaleza e do Estado do Ceará.

Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste de 1º de março de 2011 e reproduzido neste site com autorização do autor.

Fonte: Gladson Carvalho é maestro e músico.


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Fortaleza continua rebelde

Messias Pontes

A Capital cearense notabilizou-se, desde o século XIX, como a cidade rebelde, libertária. Foi aqui, no dia 27 de janeiro de 1881, que o pescador Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, com sua ousadia e coragem paralisou o mercado escravista no porto de Fortaleza. Bradou ele, na ocasião: “A partir desta data nenhum negro escravo embarca ou desembarca neste porto”.

A paralisação do porto demorou cinco dias. Estava dado o mote para a libertação dos escravos no Ceará em 25 de Março de 1884, quatro anos antes da Lei Áurea, assinada pela Princesa Izabel, libertando todos os escravos no território brasileiro. A partir daquela data Chico da Matilde passa a ser chamado de Dragão do Mar, e o Ceará de Terra da Luz.

A partir de então Fortaleza protagonizou inúmeros atos de rebeldia e de liberdade. E continua. Durante a ditadura militar (1964/1985), Fortaleza assistiu a muitas batalhas de rua contra a repressão. Foi a primeira cidade no Brasil a colocar milhares de pessoas nas ruas – a maioria estudante – protestando contra a prisão dos congressistas da UNE em Ibiúna, São Paulo, em 12 de outubro de 1968.

O auditório da Faculdade de Direito da UFC foi palco de inúmeros e emocionantes eventos contra a ditadura militar: palestras, debates, shows - sempre lotado. Todas as emoções vividas naquela época foram revividas no último dia 18.

Com mais de mil pessoas, a maioria jovens estudantes, o auditório da Faculdade de Direito da UFC ficou pequeno para ouvir dois ícones do jornalismo brasileiro: Valdomiro Borges e Paulo Henrique Amorim.

Os dois participaram a convite do Instituto Nordeste XXI e da revista do mesmo nome, do XXI Ciclo de Debates Nordeste Vinte e Um. Em seu blog, PH descreveu o evento como “o inesquecível encontro de blogueiros sujos em Fortaleza...”. O editor da revista NE21, Francisco Bezerra, que ousou trazer os dois, se disse impressionado com a presença e empolgação da plateia.
Miro Borges veio lançar o Centro de Estudo de Mídia Alternativa Barão de Itararé. É a terceira cidade onde fez o lançamento. Ele enfatizou, emocionado, que Fortaleza lhe surpreendeu pelo número de participantes, sendo superior a São Paulo e Belo Horizonte. Miro nomeou Francisco Bezerra para iniciar o debate, em Fortaleza, sobre a criação aqui do Barão de Itararé.
Miro e PH deixaram Fortaleza não só impressionados, mas com a certeza de que a luta pela regulação e democratização da comunicação está mais fortalecida que nunca.

Fonte: Messias Pontes é Jornalista - messiaspontes@gmail.com

                                                                
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As florestas em risco
 Gilson Barbosa

Reveste-se de grande importância a decisão da ONU, em sua última Assembleia Geral, por meio da Resolução 61/93, em 20 de dezembro de 2010. Naquele dia, as Nações Unidas declararam 2011 como o Ano Internacional das Florestas. 

Este ano, conferências, debates e eventos de todo gênero abordarão os problemas vividos por aquele ecossistema tão especial e duramente atingido pela ação bárbara dos seres humanos.

Entre as ações que a ONU patrocinará, em conjunto com órgãos oficiais, governos e grupos civis, destacar-se-ão a promoção do manejo sustentável, a conservação e desenvolvimento das florestas em todo o mundo e a conscientização do papel decisivo que as matas de grande porte desempenham na sustentabilidade global. 

A comunidade mundial deverá mobilizar-se e atuar com as mais diversas frentes em defesa das florestas. Busca-se, sem dúvida, fazer com que estas sejam manejadas corretamente para a geração atual e as futuras. 

No caso do Brasil, apesar dos anúncios de retração no ritmo de desmatamento da Amazônia, persiste a inquietação com o futuro da maior floresta tropical do mundo. Porém, o drama não se limita só ao nosso país ou aos vizinhos que também possuem áreas amazônicas.

Na África subsaariana, a floresta ali existente continua sendo devastada por caçadores ou madeireiros em busca de árvores nobres, como aqui ocorre, e o problema se repete na longínqua Indonésia, onde espécies endêmicas, como o orangotango, podem ser extintas pela destruição contínua do seu meio ambiente. 

Acrescente-se ainda o tráfico de animais em todas essas regiões, que deve ser visto com rigor, punindo-se os traficantes e até funcionários corruptos que a estes se aliam. A preocupação também se estende, nestes tempos de aquecimento global, ao notável papel que as florestas detêm, como reguladoras do clima no planeta, e ao perigo que sua devastação representa para a própria sobrevivência da humanidade.

A ONU está certíssima ao debater, em 2011, a problemática das florestas e lutar pela aplicação de medidas que combatam efetivamente essa destruição.
Gilson Barbosa é jornalista - gilson.fonseca@uol.com.br
Fonte: Agência da Boa Notícia.

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A prática dos 21 dias
                                                         Diana Dédalos

Querido leitor,

“Somos homens de esperança, os devotos da Grande Mãe, somos homens pacíficos, somos mulheres de viva inteligência nestes tempos, somos música de Pachamama. Assim, vamos alcançando a paz, assim, vamos sendo o perfume de Pachamama, levando consciência humilde e servidora a todos.”

De seis em seis meses, em março e setembro,  abre-se uma janela vibrante e graciosa que nos convida, por 21 dias, a olhar-nos e a redescobrir sementes que estão latentes e que nos levam a experimentar mais amor, alegria, gratidão, clareza, compreensão e muito mais, nos leva a experimentar  a nós mesmos e a intensidade da vida em cada agora e, assim, florescermos  em amor e liberdade.

A Prática dos 21 dias é uma purificação em diversos níveis, físico, energético, emocional mental e espiritual que buscamos na sabedoria ancestral dos Andes e que, há anos, vem nos enriquecendo e ajudando a transmutar átomos densos que estão em nossos corpos por átomos refinados que comporão o corpo luminoso. 

E a cada prática, trabalhamos os egos que nos aprisionam e firmamos virtudes luminosas. Vamos também sendo despertados para o cuidado com nossa amada Mãe Terra, Pachamama e para a valorização de nossa ancestralidade,  pois à medida que cuidamos de nós, que despertamos em nós o amor pelo próximo, estamos também nos harmonizando mais profundamente com a Vida.

A cada semestre um novo tema nos conduz pelos caminhos internos, guiados por Mestre Lucidor Flores e envolvidos por uma borbulha energética grupal que nos acarinha e nos estimula a seguirmos adiante, com leveza,  a cada novo dia, sem esmorecermos...

Esta peregrinação ao nosso sagrado ser, que é realizada individualmente em casa,  é orientada por um manual carregado de energia que contem as orientações necessárias para que possamos estar acordados e desfrutando dos aprendizados.

Contém uma parte com os temas gerais que permeiam toda essa aventura mística e orientações específicas para cada dia, assim dançamos com o que o mestre nos acena... E, como um presente, recebemos um cd de músicas devocionais e meditação. 

Ainda, a cada semana podemos nos comunicar com o mestre, enviando um breve relatório e recebendo suas palavras. Se houver mais participantes onde moras,  sugerimos uma reunião semanal para compartilhar e meditar.

Ao final, de corações mais leves e espírito mais atento, celebraremos juntos, em um encontro nacional que se realiza alternadamente em cidades de nossa Pátria Brasil.

Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail: misticaandina21dias@yahoo.com.br e as inscrições podem ser realizadas por intermédio do site de nossa Escola Espiritual: www.escolaespiritual.com.br.

“E então, tocam à porta...

E tu, se estás atento, abres, desde dentro, amada peregrina, querida peregrino, o convite está ali. A alma salta em teu peito, rosa perfumada, vento esmeralda, tormenta de risos!”

* As citações são de Lucidor Flores.

Fonte: Diana Dédalos é Coordenadora da Escola Espiritual Mística Andina (Agência da Boa Notícia)


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Fortaleza Alfabetizada
 Sim, nós podemos!
Candido B. C. Neto

O Intelectual, Educador e Mestre Dermeval Saviani nos ensina que “... educador é aquele que educa e pratica a educação”. Segundo ele, “para alguém ser educador é necessário saber educar”. E remata: “Quem pretende ser educador precisa aprender, ser formado, precisa ser educado para ser educador”.

A árdua tarefa de “Alfabetizar Fortaleza”, capital do Ceará, caberá, pois, não a um somente, mas ao conjunto de fatores e esforços conjugados, tendo à frente quem entenda da matéria, pela vivência exemplar, e se disponibilize a fazê-lo de forma diligente, comprometida.

Estamos diante de desafio dos mais complexos. Aí, contudo, reside exatamente o ímpeto para o enfrentamento.

Senão vejamos. Dados do IBGE demonstram que somos uma população de 2.513.058 habitantes, mercê de uma taxa de analfabetismo de 10,2% (analfabetos com 15 anos ou mais).

Combater o analfabetismo, dever de todos.

Um governo democrático, comprometido com o bem-estar, a condição de gente que somos em nossa inalienável integralidade, deverá posicionar-se com altivez ante a herança desta nódoa social terrível (o analfabetismo), no sentido de extirpá-la, célere, de vez da sociedade. Mister é o esforço conjunto nessa perspectiva.

Cá estamos para dar o nosso contributo histórico. Apresentamos, em linhas gerais, um Projeto que visa a oferecer aos jovens e adultos a possibilidade de iniciarem a alfabetização e continuarem seus estudos regulares, acrescidos de lições de cidadania e profissionalização, grandezas condizentes com as vocações do Município, das comunidades e dos indivíduos.

Alfabetizar Fortaleza: uma bela lição!
Falamos do Programa Educativo Fortaleza Alfabetizada, a ser executado conjuntamente pelo Município e Instituições Parceiras. 

A finalidade da iniciativa é a alfabetização com a consequente continuidade do aprendizado por parte dos recém-alfabetizados que aprenderam a técnica do ler-escrever e contar, na medida em que compreendem as noções de necessidade da escolaridade, complementadas que serão, reiteramos, com atividades de cidadania e capacitação profissional.

O processo do Fortaleza Alfabetizada começa pelo incentivo à auto-estima das pessoas. O método utilizado é de fácil aplicação: faz uso do conhecimento que os estudantes têm dos números e, assim, se introduzirem no mundo da leitura e da escrita.

Falamos da utilização de um método universal que se ajusta às características sócio-econômicos da nossa cidade para chegar a mais pessoas com menos recursos humanos e materiais.

De acordo com as experiências vivenciadas noutros rincões que o adotaram, o Programa educativo pode se desenvolver em três (03) meses. Embora esse tempo seja determinado pelo desempenho da população-alvo, o cronograma previsto para a sua execução total (letramento + generalização) é de seis (06) meses.

A metodologia a ser utilizada é “yo, si puedo”, método cubano de Alfabetização por TV/ Vídeo, abrangendo: Exploração, experimentação, generalização e avaliação.

Sobre o educador - o ser educador
Para um e outro, alfabetizar é estimular a inserção do adulto iletrado no seu contexto social e político, na sua realidade, promovendo o despertar para a cidadania plena e transformação social. É a leitura da palavra, proporcionando a leitura do mundo, porquanto “Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las.”

A proposta apresentada inspira-se nos documentos “Brasil Alfabetizado”, do MEC/FNDE, no Projeto de Alfabetização “YO, SÍ PUEDO”, do Instituto Pedagógico Latino Americano e Caribeño – IPLAC, nas consultas e discussões mantidas com instituições ligadas à comunidade internacional, nacional, local, e em estudos e documentos normativos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

“... o processo de conhecer e ensinar é tão peculiar que ao ensinar se aprende, que ao educar se desenvolve e se transforma o conhecimento. Por isso a práxis pedagógica-educativa é, ao mesmo tempo arte e ciência: arte de educar enquanto pressupõe um modo específico de produzir, de transmitir e de transformar o conhecimento, ciência de educar enquanto pressupõe o conhecimento como material originário que se transforma no efetivar-se do próprio processo.”
(Bombassaro, 1994:74)

Desenvolver ações no âmbito da Educação Contextualizada, trabalho que deu notoriedade no campo da alfabetização de jovens e adultos (em complemento os ensinamentos do mestre Freire), tem se destacado nacional e internacionalmente na luta pela erradicação do analfabetismo.

Objetivos específicos do Programa Fortaleza Alfabetizada

Devemos pontuar como objetivos do Programa em tela: Alfabetização de jovens e adultos, pouco ou não escolarizados, através de seu encaminhamento ao sistema de ensino fundamental regular; Articulação com a comunidade para o desenvolvimento da Educação, possibilitando a interrelação entre o modo de vida da população e o conhecimento; Norteamento por unidade de princípios e diversidade cultural.

Desenvolvimento de ações integradas de educação com outras políticas e programas intersetoriais (saúde, cultura, trabalho, economia doméstica) na perspectiva do desenvolvimento sustentável;
Mobilização dos participantes para ações de combate à pobreza e à exclusão social.

Problemas sociais tão agudos como o analfabetismo só serão resolvidos pela sociedade como um todo, assim como um time de futebol, por exemplo, só pode vencer pelo esforço coordenado pelo conjunto.

Programas sociais sem avaliação, sem continuidade, sem discussão e, conseqüentemente, sem aprimoramento, não são sérios nem eficazes, perdem-se na poeira do tempo e não deixam raízes.

Esta é credencial básica do Programa Fortaleza Alfabetizada, marco inovador na educação do Estado do Ceará.

Para tanto irá Identificar e compreender os princípios e funcionamentos da Alfabetização de Jovens e Adultos do Município; oferecer subsídios técnicos e práticos ao professor para realização de um trabalho didático-pedagógico voltado à realidade da comunidade; estimular a participação dos habitantes em ações valorizadoras do sentido de cidadania, entre outros objetivos.

A diretriz política evidenciada pelo Programa Fortaleza Alfabetizada é a de ampliação do exercício da cidadania, considerando a inserção do mundo letrado como instrumento indispensável à participação e ao atendimento das exigências atuais.

Fonte: Candido B. C. Neto é Educador. (Agência da Boa Notícia)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Opinião

Som alto


Grecianny Cordeiro

A música, ao lado da escultura e da pintura, é considerada uma das artes mais perfeitas, capaz de expressar o bom, o verdadeiro e o belo, de acordo com a antiga filosofia.

A música está sempre presente em nosso cotidiano: para marcar um acontecimento importante em nossas vidas, para acalmar mentes e corações inquietos, para intensificar o brilho de um evento, ora nos trazendo alegria, ora nos trazendo tristeza ao nos fazer lembrar de algum momento doloroso. Enfim, todo mundo gosta de música. Mas música é, acima de tudo, algo extremamente pessoal.

A gente pode até não entender o significado de uma música cantada num idioma diverso, mas nem por isso deixamos de gostar e de apreciá-la, porque a música vai além das palavras, bem além da melodia.
Com a música, Orfeu encantava os deuses e semideuses, não havendo nada que pudesse resistir ao encanto de sua lira, nem mesmos as árvores e os rochedos. Graças à sua lira, Orfeu conseguiu baixar ao Hades – onde não lhe era permitido - para tentar resgatar sua amada Eurídice.

Música é feita para encantar, não para aborrecer. Mas muitas vezes aborrece, e muito.

A música pode se tornar algo desesperador quando o seu ouvinte resolve fazer com que todos ouçam o seu repertório musical, o qual por certo julga como sendo o melhor do mundo, colocando um paredão de som próximo a bares, restaurantes, em locais paralelos a outros eventos, inclusive, musicais.

Foi o que aconteceu num recente show do Kid Abelha, no Parque do Cocó, onde um homem simplesmente ligou o som de seu carro no volume máximo – com excelente qualidade, por sinal – próximo ao palco, ficou dançando forró no meio da rua com um copo de bebida na mão. A banda mal podia ser ouvida. Foi necessária a intervenção policial.

Foi também o que aconteceu no pré-carnaval, na Praia de Iracema, onde os sons dos carros simplesmente atrapalharam o evento, provocando uma barulheira dantesca. Indignação total. Foi necessária a intervenção policial.

Os donos desses “paredões de som” simplesmente transformaram a música num caso de polícia.
Lamentável falta de educação..

Fonte: Grecianny Cordeiro é Promotora de Justiça

Quem somos

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